Eumara Maciel
Editora/Penalux 2018
Sabe aquele livro que a gente não consegue parar de ler? Pois bem, “O sem-fim da Infância” de Eumara Maciel é um presente para o leitor ávido por uma boa leitura. O jogo de palavras, a narrativa, o cenário descrito nos encantam como as crianças que leram seu primeiro conto de fadas favorito.
No vai e vêm das páginas, no levantar da poeira de cada palavra minuciosamente escolhida para representar seu lugar, vamos nos sentindo parte da autora, parte de Serra Queixo, de Nova Vista… parte do sertão baiano que nos arrodeia com sua riqueza de gente, suas idiossincrasias e costumes. E isso não se deve apenas a questão das culturas híbridas propostas por Canclini, mas a um forte sentimento de pertencimento desse nosso SERTÃO, um particular tão global e vice-versa.
As crônicas aqui apresentadas são cartografias da infância de Eumara, mas bem poderiam ser de Alexandra, Rita, Carlinha, Fatima e Maria…pois retratam memórias típicas de nós sertanejos, calejados pelo sol insone do sertão, os invisíveis pós eleições. Mas felizes, que apesar das agruras da vida têm memórias saudáveis, cheias de alegrias que fazem o solo fértil do coração transbordar em brincadeiras, músicas, artes e afetos.
Se você é sertanejo o livro “O Sem-fim da infância” fará você ouvir sons e sentir os cheiros da sua infância. Se você não é sertanejo, mas é amante de uma escrita boa da peste, vai se emocionar com a simplicidade e a felicidade da vida no campo, ainda que seco, há águas límpidas e doces que jorram no imaginário dessa nossa gente.
Alexandra Patrocínio